quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quinta-feira: Oxossi, Logun Edé e Ossaim

Oxossi

Deus da caça, é ligado às matas. Alegre, jovial, expansivo e irrequieto, tem enorme popularidade na Bahia. Oxossi é o Orixá que revela a importância da caça entre os povos africanos, com reflexos no culto religioso, lembrando que antigamente na África os caçadores eram os responsáveis pelo sustento e manutenção das aldeias.

Sendo um caçador, é o Orixá que garante a fartura, o sustento, a alimentação e a prosperidade ao ser humano. Em seu lado negativo, porém, pode ser também o pai da míngua e da falta de provisão. Muitas vezes é chamado de Odé Wawá, ou seja, “Caçador dos Céus”.

Na Umbanda Oxossi é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião e recebe o título de Rei das Matas. Oxossi é caçador por excelência, mas sua busca visa o conhecimento, logo, é o cientista e o doutrinador, que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso.

Oxossi é a busca, é a procura, é a curiosidade, é o movimento contínuo na evolução dos seres, na apresentação de novos conhecimentos e de novos horizontes. Simbolicamente representamos Oxossi com sete setas que são as sete buscas contínuas do ser. Oxossi expande, irradia e impele os seres.

Data festiva
20 de janeiro

Saudação
Okê Arô! (Salve o Grande Caçador!)

Sincretismo religioso
São Sebastião

Cores
verde

Ponto de força
Matas


Logun Edé

Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.

Caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade. Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilesa e é uma das mais ricas e prósperas da África, mas o seu culto na região está em via de extinção.

Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólòlún Ode – o guerreiro caçador – o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se observarmos a cantiga de Oxóssi, veremos que expressão Omo ode, ou seja, filho do caçador, é constante, podendo inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos.

Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé são, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi que se consideram os pais de Logun Edé.

Cores
Azul-turquesa e Amarelo-ouro

Saudação
Logun ô akofá Lossi-Lossi


Ossaim (Ossanha)

Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força. Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimónia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas.

Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. É nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.

Ossaim é orixá de grande fundamento da etnia yorubá, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco; porém não se deve por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro.

Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.

Cores
Verde e Branco

Saudação
Ewé ó!

Fonte do Texto:
Umbanda Carismática :: Oxóssi
Candomblé - A Magia dos Orixás :: Logun Edé
Candomblé - A Magia dos Orixás :: Ossaim

Imagens: Postais Pau Brasilis

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quarta-feira: Oyá, Xangô e Obá

Oyá / Iansã

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o elemento fogo. Indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo - Omo Iná.

A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover.

Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as atividades relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.

Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.

Oyá é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: luta e vence.

Data Festiva
04 de Dezembro

Sincretismo Religioso
Santa Bárbara

Cores
Marrom, Vermelho ou Rosa

Ponto de Força
Bambuzal

Saudação
Eparrei!

Xangô

Xangô é a Divindade que rege o fogo, o trovão, os raios, muito semelhante a Javé, Zeus, Odin e Tupã. Pode, através da sua justiça, dispensar favores, movendo favoravelmente ventos, raios, trovões para nos defender e para ganharmos causas. A sua Lei é como a rocha: dura, justa, cega.

XANGÔ é o fogo latente na pedra, e ao mesmo tempo, a própria pedra em que se buscam os seus atributos que são: rigidez, implacabilidade e estabilidade. Isto equivale a dizer que: não cede nem à flexão e nem à pressão, julga de forma severa mas sem precipitação e finalmente estabelece a ordem tranqüilizadora. Portanto esta vibração nos adverte que sua presença – a JUSTIÇA – é necessária para que haja a verdadeira estabilidade e fortalecimento na alma, individual e universal. Dono das leis e das escritas, padroeiro dos intelectuais Xangô é o Orixá da sabedoria, que gera o poder da política, é a ele que recorremos para resolver problemas com papéis, documentos e estudos.

Devemos pensar duas vezes antes de batermos a mão, a cabeça e clamarmos por justiça, pois se a nossa demanda for justa ele nos amparará e se não for, aos rigores de sua lei, seremos chamados e o seu raio de correção virá para cima de nós mesmos. Então quando nos sentirmos injustiçados, devemos pedir que Xangô nos esclareça e se estivermos certos, então que ele esclareça a outra parte, e se esta não ouvir, então não precisamos nem pedir, que a lei de ação e reação é automática e se cumprirá a justiça de Xangô em nossas vidas.

Xangô é o Senhor das Almas, cujo atributo é a sabedoria afim de exercer a Justiça Divina, aferindo em sua balança todas as almas. Através da manipulação do elemento fogo, Xangô, mais do que fazer cumprir a lei cármica para todos os seres viventes, ilumina o caminho a ser seguido, bem como ajuda a libertar dos grilhões milenares dos enganos que escravizam a consciência.

Na pedreira, com Iansã, Xangô nos traz o arrojo, a determinação, a fortaleza, a segurança, a firmeza e a sustentação. Na cachoeira, junto com Oxum, nos purifica, nos energiza, nos dá vida, vigor, saúde e inteligência.

O significado do seu nome está na formação da palavra:

XA = Senhor, Dirigente;

ANGÔ = AG + NO = Fogo Oculto

GÔ = Raio, Alma

Portanto, XANGÔ, equivale a SENHOR DO FOGO OCULTO

Cores
Vermelho (ou marrom) e branco

Sincretismo Religioso
São Jerônimo

Saudação
Kawó Kabiesilé!!


Obá

Obá é um Orixá ligado à água, guerreira e pouco feminina. As suas roupas são vermelhas e brancas, usa um escudo, uma espada e uma coroa de cobre. Usa também um pano na cabeça para esconder a orelha cortada.

Obá é um ORIXÁ que raramente se manifesta e há pouco estudo sobre ela.

Obá é a mulher consciente do seu poder, que luta e reivindica os seus direitos, que enfrenta qualquer homem – menos aquele que tomar o seu coração. Ela abraça qualquer causa, mas rende-se a uma paixão. Obá é a mulher que se anula quando ama.

Obá nasceu do ventre rasgado de Iemanjá após o incesto de Orugan. Em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa protetora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá, e mantém estreitas relações com as Iya Mi. Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino.

Obá lutou contra todos os Orixás, venceu a batalha contra Oxalá, derrotou Xangô e Orunmilá, e tornou-se temida por todos os deuses. Embora Obá se tenha transformado num rio, é uma deusa relacionada ao fogo.

O lado esquerdo (Osì) sempre esteve relacionado à mulher e, por uma razão muito elementar, é o lado do coração. Quando Obá é saudada como guardiã da esquerda, isso quer dizer que é a guardiã de todas as mulheres, aquela que compreende os sentimentos do coração, pois Obá pensa com o coração.

Como pode uma deusa ligada a esses sentimentos, dedicar-se à guerra? Toda a energia das suas paixões frustradas é canalizada por ela para a guerra, tornando-se a guerreira mais valente, que nenhum homem ousa enfrentar. Obá supera a angústia de viver sem ser amada.

Cores
Marron raiado, Vermelho e Amarelo

Saudação Obà Siré! Fonte dos textos:
O Candomblé - A Magia dos Orixás :: Iansã/Oyá
Umbanda Carismática :: Xangô
O Candomblé - A Magia dos Orixás :: Obá

Imagens: Postais Pau Brasilis

terça-feira, 4 de maio de 2010

Terça-Feira: Iroko, Ogum e Nanã Buruquê

Iroko

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko foi a primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.

Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um Orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo.

Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.

É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.

É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

Na África, a sua morada é a árvore iroko - Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.

Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.
Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue. Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo - qual protege sempre das tempestades.

Ao contrário da maioria dos Orixás, este não costuma vir nas festas de santo, nem ser feito na cabeça dos fiéis. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa.

Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.

Cores
Branco, Verde (ou Cinza) e Castanho

Saudação
Iroko i Só! Eeró!

Ogum

Quem de nós, seres humanos, não tem como ideal a liberdade? A liberdade de ser, de estar, de fazer, de se movimentar, de agir com força, determinação e muita proteção?

Sendo assim, se seu sonho de liberdade é algo a ser conquistado, saiba que os - negros africanos - aqueles que nasceram livres e foram reduzidos à humilíssima condição de escravos - cultuavam Ogum, pois era Ele quem dava a Força de que necessitavam para conseguir a liberdade.

Ogum é o Orixá da Guerra, o Senhor da Batalha, o guerreiro, general destemido e estratégico, é aquele que veio para ser o vencedor das grandes batalhas, o desbravador que busca a evolução. Ogum é o que vem primeiro, o que está sempre à frente, um líder nato. Ele conhece e domina todos os caminhos, por isso nunca se perde e está sempre ajudando quando corretamente evocado.

Diante disso, cultuar Ogum é vital para quem quer conseguir vencer as suas batalhas com força, coragem e determinação. Ogum é aquele que sempre está de “ronda” para proteger os injustiçados, é a Lei e a Ordem.

Data festiva
23 de abril

Saudação
Ogunhê, Meu Pai!
Patacuri Ogum!

Sincretismo religioso
São Jorge

Cor
Azul escuro

Ponto de força
Estradas e caminhos, estradas de ferro, o meio da encruzilhada

Nanã Buruquê

Nanã Buruquê é representada como a grande avó de energia amorosa e feminina, é a Ela que clamamos quando precisamos de nos auto-perdoar e nos libertar do passado. Ela representa o colo que aconchega acolhendo amorosamente nossas dores para nos ajudar a transformá-las com sabedoria. A Orixá Nanã Buruquê rege sobre a maturidade, portanto está sempre associada à maternidade (a vida).

Nanã está na Linha da Evolução, um raio essencial para o crescimento dos seres. Ela cuida da passagem no estágio evolutivo do ser, adormecendo os espíritos e decantando as suas lembranças com o passado, onde ficam prontos para reencarnarem. Portanto, o campo preferencial de atuação de Nanã é o racional, onde decanta o emocional dos seres, preparando-os para uma nova “vida”.

É Ela quem faz esquecer, é Ela quem deixa morrer para renascer. O seu elemento é a lama do fundo dos rios. Ela é a deusa dos pântanos, da morte (associada à terra, para onde somos levados após a morte) e da transcendência. Nanã é considerada a mais velha dos Orixás das águas, age com rigor em suas decisões, oferece segurança, mas não aceita traição. É uma figura muito controversa no panteão africano: ora perigosa e vingativa, ora desprovida dos seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido.

A Mãe das águas e das Iabás (Orixás femininos), pois é a mais velha das mães. É a senhora de muitos búzios, que simboliza a morte por estarem vazios e a fecundidade porque lembrarem os órgãos genitais femininos. Nanã sintetiza em si a vida e a morte, a fecundidade e a riqueza.

NOTA: Nanã é conhecida, por dois nomes distintos: Nanã Buruquê, a Avó de Oxalá e Nanã Burucum ou Nanã-Buruku (iku, “morte”), a Mãe de todos os Exus.

Data Festiva
26 de Julho

Saudação
Saluba Nanã (dona do pote da Terra)

Sincretismo
Nossa Senhora Sant’ana

Sua Cor
Violeta ou Lilás (sabedoria)

Fontes dos Textos:
O Candomblé - A Magia dos Orixás - Iroko
Umbanda Carismática :: Ogum
Umbanda Carismática :: Nanã Buruquê

Imagem: Postais Pau Brasilis

domingo, 2 de maio de 2010

Segunda-feira: Exu e Omolu/Obaluaiê

Exu

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.

Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom – nem totalmente mau – assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.

A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.

Exu é a figura mais importante da cultura yorubà. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.

Cores
Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.

Saudação
Laroié!

Omolú / Obaluaiê

Omolú é a Terra.

Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”.

È preciso esclarecer, no entanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento – como comprovam os vulcões em erupção – domina as camadas mais profundas do planeta.

O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.

Quando se está adoentado, é Omolú quem ajuda o espírito fazer a transição de sua vida terrena para sua vida espiritual.

Cores
Preto e branco

Saudação

Atotô

Obaluaiê

É o Orixá da cura, da sabedoria, da transmutação e da evolução.

Quando se fala em Orixá Obaluaiê e Omolú algumas dúvidas surgem – e uma delas é: Obaluayê e Omolú são o mesmo Orixá?
A explicação é simples: quando os negros vieram da África para o Brasil, como escravos, trouxeram centenas de Orixás (dizem que o número era em torno de 300 a 400), com esse grande número de Divindades percebe-se que alguns atuam no mesmo elemento e com a mesma qualidade, portanto começaram a ser cultuados unidos como se fossem um só, como exemplo encontramos Oxalá e Obatalá, Oxossi e Ossain e muitos outros, fato que também aconteceu com Obaluaiê e Omolú. Portanto, encontramos alguns Terreiros onde esses dois orixás são cultuados como sendo o mesmo, mas em outros, são cultuados como sendo Orixás diferentes.

Este Orixá tem muita força e se desdobra em duas vibrações: o Obaluaiê velho, chamado de Omolú que representa o sábio, o feiticeiro, guardião, no qual seu elemento é a Terra seca e seu habitat é tudo que está abaixo da terra do cemitério; e o Obaluaiê novo que representa o guerreiro, o caçador, o lutador, cujo seu elemento é a Terra úmida e sua vibração está em tudo que está acima da terra do cemitério.

Obaluaiê é o Orixá que atua na Evolução. É a Ele que clamamos quando nos sentimos estagnados ou em sofrimento (na dor física, mental, emocional ou espiritual). É a Ele que pedimos ajuda para evoluirmos em espírito ou para sairmos de um nível de entendimento para a sabedoria espiritual.

Muitos associam o divino Obaluayê apenas com o Orixá curador, que ele realmente é, pois cura mesmo! Mas Obaluayê é muito mais do que já o descreveram. Ele é o “Senhor das Passagens”.

Diferença entre Omolú e Obaluaiê que, quando um ser está adoentado, é Obaluaiê quem ajuda o espírito a se curar.

Data festiva
16 de Agosto

Saudação
Atotô Ajuberú - quer dizer: “Silêncio, escutai, hora da devoção.”

Sincretismo religioso
São Lázaro e São Roque

Cores
Preto e amarelo

Ponto de Omolú/Obaluaiê
Casinha branca, casinha branca,

Que eu mandei fazer (2x)
Para oferecer a meu pai Omolú,

Meu pai Omolú seu Atotô Obaluaiê (2x)


Oi salve mamãe Oxum!
E salve Nanã Buruquê!

Salve Atotô Obaluaiê (bis)


Fontes dos Textos:
Candomblé – O Mundo dos Orixás :: Exú
Candomblé – O Mundo dos Orixás :: Omolú
Umbanda Carismática :: Obaluaiê

Imagens: Postais Pau Brasilis

Domingo é dia de Ibeji! Deixa a Ibeijada brincar!


IBEIJADA
Nome dado no Brasil às entidades que se apresentam sob a forma de crianças.
São, conforme a crença geral, nos cultos afro-brasileiros e na Umbanda, as falanges dos Orixás gêmeos africanos IBEJI.

IBEIJIS – IBEJI (ib= nascer; eji= dois)
Orixás gêmeos africanos que correspondem - no sincretismo afro-brasileiro - aos santos católicos Cosme e Damião.

DOIS-DOIS
Nome pela qual são designados os santos católicos Crispim e Crispiniano; também são assim designados os santos Cosme e Damião, os Orixá africano IBEJI e as falange das crianças na Umbanda.

ERÉ (vem do yorubá iré - que significa “brincadeira, divertimento”)
Existe uma confusão latente entre o Orixá Ibeji e os Erês. Há uma relação, mas não se trata da mesma entidade. Ibeji são divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião.

Erês, Crianças, Ibejada, Dois-Dois, são Guias ou entidades de caráter infantil que incorporam na Umbanda.

Os Erês
Os filhos de Ogum, como também são conhecidos, tem a presença mais alegre da Umbanda, trazendo sempre renovações e esperança, reforçando a natureza pura e ingênua dos seres humanos.

É a linha que mais cativa as pessoas, pelo ar inocente que traz na face do médium. Por sua natureza pura e pelos patronos a linha de Cosme e Damião também traz a cura para os males do corpo e do espírito, além de darem proteção e benção extra as crianças. Sua energia é transbordante de vitalidade e alegria, sendo capaz de derramar as maiores bênçãos de harmonia cotidiana.

A festa de São Cosme, Damião e Doun, tem duração de um mês, iniciando a 27 de setembro (Cosme e Damião) e terminando a 25 de outubro (Crispim e Crispiniano).

Nos Terreiros de Um­banda, a festa é muito bonita, há distribuição de balas, doces e guaraná para as crianças. Os médiuns incorporam as crianças espirituais com a exteriorização de atitudes infantis como o apego a brinquedos, bonecas, chupetas, carrinhos e bolas. Mas infelizmente e erroneamente muitos interpretam a ‘gira de criança’ como uma diversão, afinal normalmente elas são realizadas somente em dias festivos como também, muitas vezes não consigamos conter os risos diante das palavras e atitudes das queridas crianças, momentos únicos de alegria e descontração que os Guias Espirituais, as crianças, aproveitam para nos curar de nossas amarguras.

As “crianças” são espíritos elevadíssimos que trabalham na falange de Yori e se adaptam suas formas espirituais às formas astrais de crianças, assim de forma doce, ingênua e com muita alegria esses Espíritos de Luz conseguem nos envolver intimamente e desagregar energias densas enraizadas em nosso campo aurico que nos deixa cada vez mais doente de corpo e de alma.

Seu comportamento tem sido como das crianças espirituais da Umbanda? Você tem sido alegre, bem humorado e puro de coração? Ou pelo menos exercita o aprimoramento de viver sempre com alegria e esperança?

Reflita sobre a sua missão.

Salve as Crianças! Salve os Erês! Salve Cosme e Damião!
Salve Oni beijada!

Fonte do Texto: Umbanda Carismática - Crianças

sábado, 1 de maio de 2010

Sábado é dia das Iabás!


Iemanjá

A majestade dos mares, Senhora da calunga grande (mar) também conhecida como Senhora da Coroa Estrelada ou Janaina (do tupi-africano) é a deusa do mar e protetora das mães e das esposas, representando a mãe que protege os filhos a qualquer custo, a mãe de vários filhos, ou vários peixes. Adora cuidar de crianças e animais domésticos. À ela também pertence a fecundidade e a proteção aos pescadores e jangadeiros.

A regência de Iemanjá em nossas vidas se manifesta naquela necessidade que temos de saber se aqueles que amamos estão bem, é a dor pela preocupação, é o amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.

É ela quem dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. É o sentido da união por laços consangüíneos ou não.

Num Terreiro, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pais no Santo) ou Ialorixás (Mães no Santo) com os Filhos no Santo, portanto assim como Oxalá é o Pai da Umbanda e Princípio Gerador Masculino, Iemanjá é a Grande Mãe da Umbanda onde ao juntar-se com Oxalá complementam-se com seu Princípio Gerador Feminino.

Data festiva: (dependendo do Estado)
15 de agosto
2 de fevereiro
8 de dezembro

Saudação:
Odô-fe-iaba!
Odoiá!
Odociába!

Símbolo:
Lua minguante, ondas, peixes

Sincretismo religioso:
Nossa Senhora das Candeias,
Nossa Senhora da Glória,
Nossa Senhora dos Navegantes

Cores:
Branco cristalino ou Azul claro

Instrumento:
Abebé, um leque em forma circular prateado que pode trazer um espelho no centro

Ponto de força:
Mar

Ponto para Iemanjá

Mãe d'água, rainha das ondas, sereia do mar

Mãe d'água seu canto é bonito quando vai zuar


Iê Iemanjá (2x)

Rainha das ondas, sereia do Mar (2x)


É bonito o canto de Iemanjá

Sempre faz o pescador chorar

ele escuta a mãe d'água a cantar

e vai com ela pro fundo do mar



Oxum

É a força dos rios, que correm sempre adiante, levando e distribuindo pelo mundo sua água que mata a sede. É a Mãe da água doce, Rainha das cachoeiras, Deusa da candura e da meiguice.

Orixá da prosperidade e da riqueza interior, ela é a manifestação do Amor, o amor puro, real, maduro, solidificado, sensível e incondicional, por isso é associada à maternidade e ligada ao desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe, da mesma maneira que Iemanjá.

A regência fascinante de Oxum é o processo de fecundação, na multiplicação da célula mater. É Oxum quem gera o nascimento de novas vidas que estarão no período de gestação numa bolsa de água – como ela, Oxum, rainha das águas. É, sem dúvida alguma, das regências mais fascinantes, pois é o início, a formação da vida.

É Oxum que “tomará conta” até o nascimento, quando, então, entrega à Iemanjá, que será responsável pelo destino daquela criança. Oxum não vê defeitos nos seus filhos. Os seus filhos são verdadeiras jóias, e ela só consegue ver o seu brilho. É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência.

Como acontece com as águas, nunca se pode prever o estado em que encontraremos Oxum; como também não podemos segurá-la em nossas mãos. Assim, Oxum é o ardil feminino, considerada a deusa do amor, a Vênus africana. O casamento, o ventre, a fecundidade e as crianças são de Oxum, assim como, talvez por conseqüência, a felicidade.

De menina-moça faceira, passando pela mulher irresistível até a senhora protetora, Oxum é sempre dona de uma personalidade forte, que não aceita ser relegada a segundo plano, afirmando-se em todas circunstâncias da vida. Oxum é o amor, é a capacidade de sentir amor.

Ela é o elo que une os Seres sob uma mesma crença, trazendo a união espiritual. É o elo que une dois Seres sob o mesmo amor, agregando-os onde se dá inicio à concepção de uma nova vida. Ela é quem agrega os bens materiais que torna um ser rico, portanto, é conhecida como Orixá da Riqueza, Senhora do Ouro e das Pedras Preciosas.

O toque dos atabaques, que acompanha sua dança no candomblé, é denominado ijexá.
A dança de Oxum é a mímica da mulher faceira, que se embeleza e atavia, exibindo com orgulho colares e pulseiras tilintantes. Diante do espelho, sorri, vaidosa e feliz, por se ver tão linda e sedutora. Essa doçura de encanto feminino, porém, não revela a deusa por inteiro. Pois ela é também guerreira intrépida e lutadora pertinaz.

Como as águas dos rios, a força de Oxum vai a todos os cantos da terra. Ela dá de beber às folhas de Ossain, aos animais e plantas de Oxossi, esfria o aço forjado por Ogum, lava as feridas de Obaluaê, compõe a luz do arco-íris de Oxumarê. Oxum está em tudo, pois, se amamos algo ou alguém é porque ela está dentro de nós.

Data festiva:
08 de dezembro

Saudação:
Eri ieiê ô,
Ore yèyé o,
Oraie iê Oxum,
Ai iê ieu Mamãe Oxum (Salve Senhora da Bondade e da Benevolência)

Símbolo:
Um coração do qual nasce um rio.

Sincretismo religioso:
Nossa Senhora Aparecida
Nossa Senhora da Conceição

Cores:
Amarelo dourado ou Cor de Rosa

Instrumento:
Abebé, um leque em forma circular dourado ou feito em latão que pode trazer um espelho no centro

Ponto de força:
Cachoeiras, Rios ou Nascentes


Ponto de Oxum

Oro mi ma
Oro mi maó
Oro mi maó
Abado a yeye o o

A iya Osùn
Osùn mi yeye o


Fonte dos Textos: Umbanda Carismática - Iemanjá
Umbanda Carismática - Oxum

Imagem:
Aurilda Sanches - Postais Pau Brasilis. (Todos os direitos reservados à autora.)