terça-feira, 4 de maio de 2010

Terça-Feira: Iroko, Ogum e Nanã Buruquê

Iroko

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko foi a primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.

Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um Orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo.

Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.

É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.

É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

Na África, a sua morada é a árvore iroko - Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.

Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.
Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue. Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo - qual protege sempre das tempestades.

Ao contrário da maioria dos Orixás, este não costuma vir nas festas de santo, nem ser feito na cabeça dos fiéis. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa.

Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.

Cores
Branco, Verde (ou Cinza) e Castanho

Saudação
Iroko i Só! Eeró!

Ogum

Quem de nós, seres humanos, não tem como ideal a liberdade? A liberdade de ser, de estar, de fazer, de se movimentar, de agir com força, determinação e muita proteção?

Sendo assim, se seu sonho de liberdade é algo a ser conquistado, saiba que os - negros africanos - aqueles que nasceram livres e foram reduzidos à humilíssima condição de escravos - cultuavam Ogum, pois era Ele quem dava a Força de que necessitavam para conseguir a liberdade.

Ogum é o Orixá da Guerra, o Senhor da Batalha, o guerreiro, general destemido e estratégico, é aquele que veio para ser o vencedor das grandes batalhas, o desbravador que busca a evolução. Ogum é o que vem primeiro, o que está sempre à frente, um líder nato. Ele conhece e domina todos os caminhos, por isso nunca se perde e está sempre ajudando quando corretamente evocado.

Diante disso, cultuar Ogum é vital para quem quer conseguir vencer as suas batalhas com força, coragem e determinação. Ogum é aquele que sempre está de “ronda” para proteger os injustiçados, é a Lei e a Ordem.

Data festiva
23 de abril

Saudação
Ogunhê, Meu Pai!
Patacuri Ogum!

Sincretismo religioso
São Jorge

Cor
Azul escuro

Ponto de força
Estradas e caminhos, estradas de ferro, o meio da encruzilhada

Nanã Buruquê

Nanã Buruquê é representada como a grande avó de energia amorosa e feminina, é a Ela que clamamos quando precisamos de nos auto-perdoar e nos libertar do passado. Ela representa o colo que aconchega acolhendo amorosamente nossas dores para nos ajudar a transformá-las com sabedoria. A Orixá Nanã Buruquê rege sobre a maturidade, portanto está sempre associada à maternidade (a vida).

Nanã está na Linha da Evolução, um raio essencial para o crescimento dos seres. Ela cuida da passagem no estágio evolutivo do ser, adormecendo os espíritos e decantando as suas lembranças com o passado, onde ficam prontos para reencarnarem. Portanto, o campo preferencial de atuação de Nanã é o racional, onde decanta o emocional dos seres, preparando-os para uma nova “vida”.

É Ela quem faz esquecer, é Ela quem deixa morrer para renascer. O seu elemento é a lama do fundo dos rios. Ela é a deusa dos pântanos, da morte (associada à terra, para onde somos levados após a morte) e da transcendência. Nanã é considerada a mais velha dos Orixás das águas, age com rigor em suas decisões, oferece segurança, mas não aceita traição. É uma figura muito controversa no panteão africano: ora perigosa e vingativa, ora desprovida dos seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido.

A Mãe das águas e das Iabás (Orixás femininos), pois é a mais velha das mães. É a senhora de muitos búzios, que simboliza a morte por estarem vazios e a fecundidade porque lembrarem os órgãos genitais femininos. Nanã sintetiza em si a vida e a morte, a fecundidade e a riqueza.

NOTA: Nanã é conhecida, por dois nomes distintos: Nanã Buruquê, a Avó de Oxalá e Nanã Burucum ou Nanã-Buruku (iku, “morte”), a Mãe de todos os Exus.

Data Festiva
26 de Julho

Saudação
Saluba Nanã (dona do pote da Terra)

Sincretismo
Nossa Senhora Sant’ana

Sua Cor
Violeta ou Lilás (sabedoria)

Fontes dos Textos:
O Candomblé - A Magia dos Orixás - Iroko
Umbanda Carismática :: Ogum
Umbanda Carismática :: Nanã Buruquê

Imagem: Postais Pau Brasilis